Fobias, Ansiedade e Pânico

O medo, pela proposta do psicólogo Paul Ekman, é uma das emoções primárias, junto com a alegria, a tristeza, o asco, a surpresa e a raiva. Estas emoções são assim chamadas por serem naturais e presentes em todos os seres vivos - humanos ou animais, independendo da cultura ou do meio em que vivem. Delas derivam as secundárias, aprendidas e desenvolvidas por herança familiar ou convenções sociais. Entre estas podemos contar o nervosismo, a culpa, a vergonha ou a fadiga.
Pesquisadores norte-americanos em experimento de 2017, identificaram cerca de 27 emoções ao todo. O achado foi este: admiração, adoração, apreciação estética, diversão, ansiedade, temor, estranheza, tédio, calma, confusão, desejo, nojo, dor empática, encantamento, inveja, excitação, medo, horror, interesse, alegria, nostalgia, romance, tristeza, satisfação, desejo sexual, simpatia e triunfo. Interessante notar que culpa, vergonha e raiva não foram listadas.
"As experiências emocionais são muito mais ricas e mais matizadas do que se pensava anteriormente". relata Alan Cowen, autor principal do estudo. Sejam as 6 reconhecidas ou as 27 reportadas, ou até outras que ainda possam aparecer, cada uma se origina das sensações captadas pelo sistema nervoso do ambiente através dos sentidos. E demonstram nosso estado emocional em determinado momento.
Se o medo é natural e nos protege a integridade diante de danos perante um risco real, existem os medos criados pelo psiquismo, atordoado por experiências aversivas relacionadas, e que não quer revivê-las novamente. É esse tipo de medo irracional que origina as fobias, a ansiedade, ou o pânico. Isso porque o cérebro não distingue um perigo real de um imaginário. Ambos eliciam os mesmos processos bioquímicos com base no estresse para uma resposta de defesa. E a tentativa de nos mantermos seguros pela hipervigilância, só agrava o quadro
Se o perigo é real podemos nos afastar rapidamente (resposta de fuga) ou o enfrentaremos com mais energia (resposta de luta), porque nosso corpo estará preparado para a ação. Mas caso o perigo seja fruto da imaginação, embora as respostas autonômicas desencadeadas sejam as mesmas, e não havendo como descarregar a energia mobilizada por uma ação reparadora, o sistema ficará sobrecarregado, podendo originar o trauma.
Caso o evento atual traga o medo de repetir uma situação já vivida, o trauma antigo é reforçado nas vias neurais por esse estresse adicional, aumentando nossa reação futura a eventos semelhantes, o que leva à cronificação de sintomas, porque estaremos sempre nos defendendo de qualquer evento identificado por nossas memórias como ameaça.
A Fobia se mostra como uma perturbação da ansiedade, caracterizada por medo ou aversão persistente e incontrolável a um objeto ou uma situação. As fobias são diagnosticadas quando presentes por mais de seis meses e geralmente causam o aparecimento súbito de pavor. No site Atlas da Saúde estão catalogadas mais de 500 fobias em ordem alfabética. Estima-se que afetem mais de 20% da população mundial.
Os episódios de fobia, ao se defrontar com o que as provoca em situação real ou imaginária, guardam entre si sintomas parecidos: boca seca, dificuldade para respirar, sudorese, taquicardia, tremores, sentimento de incapacidade, ansiedade extrema ou crises de pânico. Nos casos mais graves, uma fobia pode levar a pessoa ao isolamento social, dependência química, síndrome do pânico, transtornos de ansiedade e depressão. Por isso, é importante saber identificar os diversos tipos de fobias.
Algumas das mais comuns:
1. Claustrofobia
Essa talvez seja a fobia mais conhecida pela população. Ambientes fechados é o principal medo do claustrofóbico. Voar em aviões e até entrar em um elevador é uma tarefa quase impossível. Ela pode até mesmo incapacitar um paciente de realizar exames como o de ressonância magnética. Sudorese, boca seca e aumento dos batimentos cardíacos são bastante comuns nesse caso.
2. Agorafobia
Um show, uma palestra ou um simples ônibus lotado pode ser um ambiente insuportável para quem sofre de agorafobia. Nesse caso, a pessoa sente um medo excessivo e irracional de permanecer com uma multidão, em um local, seja aberto ou fechado. Nessas situações, o medo está ligado à incapacidade de escapar ou à possibilidade de ser submetido a uma humilhação. Os sintomas típicos são ansiedade, taquicardia e até síndrome do pânico.
3. Aracnofobia
Uma pequena aranha pode espantar um fóbico de um determinado local em segundos. O medo de ser picado ou simplesmente tocado por uma delas pode levar ao descontrole e a uma crise de pânico. A causa pode estar ligada a um evento traumático ou até mesmo a fator hereditário.
4. Zoofobia
Assim como existe fobia relacionada a aranha, há o medo que envolve todos os animais, de uma maneira geral. Cobras ou até simples cãezinhos podem desenvolver sentimentos insuportáveis e incontroláveis a quem a porta. A zoofobia é mais prevalente em mulheres.
5. Nictofobia
A maioria das crianças sente medo do escuro. Porém, conforme vão crescendo, esse temor deixa de existir, menos para o nictofóbico. Nesse caso, a pessoa sente-se extremamente insegura e amedrontada em locais escuros e de difícil visibilidade. Normalmente, essa fobia está ligada a um evento traumático da infância.
6. Acrofobia
Quem não tem medo de altura? Prédios muito altos, montanhas-russas, rodas-gigantes, mirantes ou um salto de paraquedas intimidam qualquer pessoa. Porém, olhar pela janela de um prédio pode ser algo impossível para quem sofre dessa fobia. Até mesmo a simples tarefa de descer de uma escada pode provocar tontura e vertigem no paciente.
7. Glossofobia
A glossofobia é o medo de falar em púbico. Muitas pessoas sentem um frio na barriga e até um nervosismo ao falarem em público. Principalmente, quando se trata de uma palestra ou apresentação que envolve uma grande audiência. Porém, são sentimentos passageiros e controláveis. Por outro lado, para o fóbico, essa situação pode representar aumento na pressão arterial, voz trêmula e dificuldade de concentração.
8. Hematofobia
Como o nome sugere, hematofobia é o medo irracional e exagerado de sangue, e tudo que o envolve: agulhas, cortes, exames, etc. Em alguns casos, até mesmo hospitais, clínicas ou uma simples cadeira de dentista podem ser um difíceis de serem frequentados pelo fóbico.
9. Tanatofobia
Todo ser humano tem medo da morte, concorda? Só que, para quem sofre de tanatofobia, ir a um velório ou funeral, por exemplo, é algo impensável. Normalmente, a pessoa sofre com tudo que está relacionado ao assunto, como caixão, doenças, dor, etc.
10. Aerofobia
Não é muito difícil encontrar um passageiro de avião rezando, de olhos fechados ou fortemente agarrado à poltrona. A aerofobia leva uma pessoa a crer que o avião vai cair e, por isso, ela sofre durante todo o trajeto. Aliás, o medo já começa com bastante antecedência. Normalmente, a pessoa já apresenta sintomas típicos da fobia dias antes do embarque.
Fobias menos comuns
Como mostramos, existem diversos tipos de fobias, mas há outras menos comuns e bastante curiosas. Veja alguns exemplos:
tripofobia, ou então, medo de buracos;
coulrofobia, ou seja, medo de palhaços;
hidrofobia, que é o pavor de água;
eclesiofobia, o medo de igrejas;
heliofobia, medo do sol;
afefobia, são pessoas que não gostam de ser tocadas;
decidofobia, o medo de tomar decisões.
Lembre-se de que todas as fobias, sem exceção, exigem tratamento. Dificilmente uma pessoa conseguirá se recuperar sozinha. Não deixe que esse problema prejudique a sua qualidade de vida e o impeça de realizar atividades normais e corriqueiras.