Fibromialgia ou Dor Crônica

A Fibromialgia ou Dor Crônica, (terminologia técnica é Síndrome Fibromiálgica - SFM), é muito prevalente nas mulheres (7 a 9 casos a cada 10). Para ser avaliada como tal, requer três meses continuados de sintomas. Entre eles: fadiga e dor muscular generalizada, alterações no sono, na memória e no humor e sensibilidade exacerbada

Segundo o Hospital Israelita Albert Einstein, só no Brasil surgem mais de 2 milhões de novos casos por ano. Uma vez instalada a SFM, a tendência é a de cronificação, podendo permanecer por alguns anos ou pela vida inteira. Estudos estatísticos mostram que a SFM se manifesta a partir dos 19 anos, podendo se manifestar além dos 60 anos de idade. Porém, em casos raros pode aparecer já em crianças na faixa dos 3-5 anos. Seu próprio diagnóstico e os aspectos clínicos têm sido muito controversos. Pesquisas indicam que as anormalidades na recepção dos neurotransmissores são frequentes em pacientes com Fibromialgia. Essas alterações podem ser o resultado do estresse grave prolongado.

A depressão maior e transtornos de ansiedade, especialmente transtorno de estresse pós-traumático, são comorbidades comuns. A Fibromialgia é também descrita como uma forma generalizada de reumatismo extra-articular não inflamatório de origem incerta. Alguns especialistas podem enquadrá-la num conjunto diversificado de sintomas que muitas vezes são tratados como transtornos psicológicos, ou como efeitos físicos do transtorno depressivo.

A doença pode estar associada à atividade laboral debilitante (LER), herança genética, reações alérgicas ou a um co-envolvimento do sistema imunológico, que causaria um 'tilt' nos principais receptores neurológicos. Desconhece-se a real etiologia da doença, considerada, portanto, uma síndrome reumática atípica.

Inexistem quaisquer sinais que evidenciem alterações hemáticas, musculares, neurológicas ou radiográficas; não existem aspectos histopatológicos seguros característicos (danos aos tecidos perceptíveis com exame ao microscópio). Os índices na inflamação do corpo são normais, mas a percepção da dor por parte do paciente se multiplica. A Fibromialgia é diagnosticada pela exclusão de outras patologias (diagnóstico diferencial), e subsequente apalpação de determinados sítios denominados pontos dolorosos de gatilho (trigger-points).

As principais zonas afetadas são coluna vertebral, cintura escapular e ombros, cintura pélvica, braços, punhos e coxas. A Dor Crônica, que muitas vezes ocorre em intervalos de tempo, está associada a fatores diversos, sobretudo transtornos de humor e de sono, bem como à astenia (fadiga crônica). Além disso, a falta de resposta a analgésicos comuns, bem como o caráter 'migrante' das dores, são peculiares da Fibromialgia. A possibilidade de cura é ainda hoje objeto de estudo. As recomendações variam desde manter um sono saudável, exercícios regulares e dieta equilibrada, como também têm sido testados vários novos fármacos neste sentido. Medicação, psicoterapia e redução do estresse podem ajudar no controle dos sintomas, mas essa síndrome é ainda considerada pela medicina sem cura possível

As informações acima, coletadas em uma pesquisa rápida e acessível a todos, mostram que a SFM tem origem desconhecida, não consegue ser detectada por exames laboratoriais e, segundo a ciência médica no estado atual, não tem cura possível. Agora passo às minhas considerações:

Notem esses dados: "embora muito raros, ocorrem casos já na primeira infância, a partir dos 3 anos de idade e os sintomas pioram e se cronificam com o passar do tempo". Isso coincide com estudos sobre a maior incidência de traumas iniciados até os 3 anos de idade, fase pré-verbal do desenvolvimento, em que o indivíduo ainda não possui vocabulário nem controle motor para se defender, e mais precisa do apoio parental evitar riscos e sobreviver, para se desenvolver com segurança. Eventos consecutivos ou reincidentes de abandono, maus tratos, negligência ou desinteresse pela criança (reais ou assim percebidos por ela) vão retraumatizando um organismo ainda frágil e gerando traumas complexos com cronificação dos sintomas. Interessante esse paralelo.

Entende-se na atualidade, que o inconsciente abrange o corpo todo, e é controlado pelo Sistema Nervoso Autônomo em suas funções vitais essenciais. E ainda que não se esteja cognitivamente consciente das sensações físicas e emoções que o corpo guarda, as regiões subcorticais mais primitivas e essenciais do cérebro estão, e as monitora 24 horas por dia, 365 dias por ano, durante a vida inteira, o que cria um verdadeiro arquivo somático de todas as experiências vividas por cada um de nós.

Pode-se inferir pelo exposto acima, que as causas, até hoje desconhecidas pela ciência médica das chamadas síndromes, bem como o tratamento efetivo que leve à cura definitiva, possam estar associadas à regulação do sistema nervoso, sobrecarregado desde cedo por traumas precoces.

E a boa notícia aos que sofrem com síndromes, é que as modernas psicoterapias corpo-mente, baseadas em reprocessamento de memórias estão acessíveis à maioria da população, em qualquer parte do mundo, há pelo menos 50 anos. Sem internação, sem medicamentos experimentais, e livre de qualquer efeito colateral indesejável. Apenas regulando um sistema que foi sobrecarregado por muito tempo e, em sua exaustão provoca tais sintomas na saúde. É a nossa hipótese, que tem se comprovado por nossa experiência clínica ao longo de mais de uma década.