Doenças autoimunes

18/02/2023
Doenças autoimunes
Doenças autoimunes
Doenças autoimunes têm a ver com traumas intensos. Vou além: se a gente entende que o sistema de estresse é o eixo HPA, constituído por três importantes glândulas endócrinas (hipotálamo-pituitária-adrenal), e sabemos que o responsável pelas respostas imunológicas também é o HPA, e igualmente e não coincidentemente, o sistema que responde ao apego seguro também é o HPA, temos aqui uma 'coincidência' muito interessante, que nos faz pensar que da gripe ao câncer, passando pelas demais doenças somáticas, psicossomáticas, psicopatológicas, todas têm em comum os processos inflamatórios, muitas oriundas de processos traumáticos (Transtornos de apego).

Recentemente, a psiquiatria entendeu e postula que esquizofrenia e autismo são doenças inflamatórias. A ideia de se dizer transtorno e não doença, é baseada em que os transtornos da psicopatologia ou mentais, são um grupo de sintomas em que não está muito claro o correlato físico, mas cada vez fica mais claro o que seria esse correlato físico. E o que começou apenas com a esquizofrenia e autismo, hoje pode ser estendido para outros transtornos. Todos são doenças inflamatórias. O que se tem de protocolos da psiquiatria bem estabelecidos, tanto no tratamento da esquizofrenia como do autismo (este com a prevalência aumentando muito) é o uso de dietas anti-inflamatórias e de ômega 3.

Hoje já se entende que depressão é uma doença infamatória, transtornos de ansiedade são doenças inflamatórias. E essa é a visão atual da medicina. Para nós que tratamos do cérebro, sistema nervoso e suas interações com o corpo e a saúde, fica claro que o trauma pré-natal (gestacional), perinatal (durante o nascimento) e os do desenvolvimento na primeira infância, estão por baixo dessas ocorrências inflamatórias que levam à tantas doenças.

Os processos inflamatórios ocorrem no nível celular, mas também podem estar na região do cérebro. E o que causa isso é um eixo HPA cronicamente ativado - vide nossa matéria VIDA EM FOGO BRANDO -, de forma que o cortisol, necessário para iniciarmos o dia, permanece ativo ao longo do dia, quando precisaria ser acionado apenas em resposta a uma situação de estresse, e depois deveria ser liberado.

Existe no ritmo circadiano, ao longo do dia, uma curva típica do cortisol que marca esse ciclo. Mas quando isso se desregula, o que pode acontecer tanto numa resposta episódica do cortisol, como também na resposta aos ciclos circadianos, é que ele vira um marcador biológico, por exemplo: um marcador de estresse pós-traumático é o baixo nível de cortisol ao acordar. Porque ao acordar o cortisol deveria estar no nível mais elevado para ajudar o corpo a sair do estado de imobilidade e ter energia para responder à vida.

Essa confusão na fisiologia, que libera uma cascata de substâncias como interoxinas vai desenvolvendo os processos inflamatórios. A hiperativação do sistema imunológico leva às doenças autoimunes. Então, tratar traumas é essencial para a saúde emocional e biológica.