Alergias e doenças de pele.

18/02/2023
Alergias e doenças dermatológicas
Alergias e doenças dermatológicas
As doenças de pele representam hoje a quarta maior causa de incapacitação do planeta. O dado inédito, vem de uma robusta revisão englobando registros hospitalares e mais de 4 mil pesquisas publicadas entre 1980 e 2013 ao redor do mundo.

"Consideramos nessa conta qualquer efeito negativo na vida e na saúde. No caso dos problemas dermatológicos, isso incluía dor, deformidade, impacto psicológico e, embora a estatística não considere esse ponto, até morte", explica a médica Chante Karimkhani, uma das autoras da investigação liderada pela Universidade do Colorado, nos Estados Unidos.

Os problemas de pele, longe de serem apenas estéticos, têm a ver com a peculiaridade de ser a pele o maior e mais exposto órgão do corpo humano. Ele está sujeito a vírus, fungos, raios solares, elementos alergênicos e irritantes... É vasto o rol de agressores externos, sem contar que muitas vezes a discórdia se inicia dentro do próprio organismo.

A grande questão, porém, é que os danos à derme não têm consequências apenas frente ao espelho. "Doenças dermatológicas podem prejudicar relações sociais e a capacidade produtiva", alerta o médico Hélio Miot, diretor da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

"Dermatite, acne, urticária e psoríase, transtornos inflamatórios comuns na população, foram as condições com maior impacto no dia a dia em nossa análise", revela o dermatologista Robert Dellavalle, coordenador do trabalho americano.

Alguns males, se aproveitam da aparência inicialmente discreta para crescer durante anos e tornarem-se uma ameaça ao corpo todo, caso dos tumores de pele, com alta incidência no Brasil. Atribuindo valor às necessidades da pele e estreitando a parceria com o dermatologista, o risco de sofrer será bem menor - por fora e por dentro. A seguir elencamos as principais afecções de pele:

Dermatites

"Tecnicamente, dermatite é qualquer inflamação na pele", adianta a dermatologista Caroline Mourão, de São Paulo. Três tipos são os mais recorrentes nos consultórios.

  • A dermatite atópica, que surge sem motivo aparente e costuma estar ligada a crises de rinite e asma. "Ela é mais prevalente e preocupante nas crianças, chegando a exigir internação em alguns casos", afirma Caroline. Para contrapor à vermelhidão e lesões em algumas áreas, o tratamento se faz com cremes e remédios que controlam a inflamação - há situações em que a melhora só vem com os anos.
  • Nos adultos é mais frequente deparar com a dermatite de contato, uma irritação que aparece depois da exposição a uma substância ou tecido - pode ser perfume, lã... O local agredido fica vermelho, arde, descasca e chega até a formar bolhas. Há casos em que o sujeito precisa até se afastar do trabalho. "Cerca de 20% dos funcionários do setor industrial têm sensibilidade a algum componente que manuseiam", estima Miot. O essencial é buscar decifrar a causa das lesões.
  • Por fim, a dermatite seborreica, a famosa caspa, que na maioria das vezes só gera a descamação do couro cabeludo e das sobrancelhas, e seus consequentes pontinhos brancos nas roupas. Nos casos menos severos, xampus especiais tendem a resolver a vida.

Acne

Oito em cada dez pessoas já tiveram espinhas, calcula o professor Miot. Quando o quadro avança, deixa de ser um incômodo estético, podendo resultar em dor, baque emocional e entraves sociais. Quanto mais cedo o tratamento começa, menor a probabilidade de penar com as consequências.

"Casos mais leves são manejados com remédios de uso tópico. Nos mais sérios, não raro é precisar recorrer a fármacos orais e antibióticos", esclarece a dermatologista Ana Maria Quinteiro Ribeiro, professora da Universidade Federal de Goiás.

Convém derrubar um mito: o de que a acne está diretamente relacionada à alimentação. Na verdade, o grande patrocinador de espinhas é a atividade hormonal - daí a maior incidência do problema em adolescentes.

"Na mulher adulta, a condição começa a aparecer a partir dos 25 anos e exige investigação dos níveis de hormônios e do uso de cosméticos", exemplifica Ana Maria. Enquanto as lesões se proliferam, é importante resistir à tentação de coça-las ou arranha-las, assim como em aplicar soluções caseiras. Isso pode agravar a situação. Exposição solar, contato com produtos oleosos e estresse constante também são responsáveis por ativar o círculo vicioso da acne.

Urticária

Marcada por vermelhidão, inchaço e muita coceira, ela é desencadeada por vários fatores, do frio ao exercício físico. Embora os vergões sumam em até 24 horas, a crise toda pode levar semanas para cessar, com focos de coceiras e ardência desaparecendo e retornando.

Se esses sintomas forem familiares, procure um dermatologista, que ajudará a investigar a raiz da questão - por volta de 20% dos acometidos terão novos episódios pelas próximas duas décadas. Outra boa razão para não deixar sem atenção: a presença de urticária está ligada a um maior risco de anafilaxia, sufoco potencialmente fatal.

Micose

A causa são fungos. E mesmo micoses aparentemente simples chegam a atrapalhar a rotina se não enfrentadas. "As de unha, por exemplo, provocam dor, atrapalham o uso de calçados e até o trabalho", afirma o microbiologista Flávio de Queiroz Telles Filho, da Universidade Federal do Paraná. A maior dificuldade é que o tratamento é lento e exige paciência - às vezes as pomadas antifúngicas sozinhas não dão conta. "Há ainda micoses menos comuns e mais perigosas, como a esporotricose, transmitida por gatos e capaz de causar até danos internos", alerta Filho.

Celulite

Não estamos nos referindo àquele incômodo estético com aspecto de casca de laranja que costuma aparecer nas coxas e nas nádegas, mas de uma infecção cutânea aguda, por trás de vermelhidão, inchaço, dor e febre. Trata-se do ataque de uma bactéria, que precisa ser combatida com antibióticos. Uma condição semelhante e até mais incidente no Brasil é a erisipela. Essa infecção atinge camadas mais superficiais, mas pode evoluir terrivelmente se não for suprimida. Idosos, diabéticos, obesos e outros indivíduos com a circulação comprometida estão mais suscetíveis a ela.

Doenças virais

Os vírus que afetam a pele podem ser passageiros, como os da catapora e do molusco contagioso; ou recorrentes, como o da herpes e alguns tipos de HPV causadores de verrugas. Mas qualquer estrago significa que o sistema imune não foi capaz de defender a derme. "Em idosos, o vírus da catapora pode se reativar e gerar o herpes-zóster", dá um exemplo Miot. Trata-se de uma agressão à pele e a nervos periféricos que gera dores lancinantes. Tanto nesse caso, como no do HPV e no do sarampo, vacinas existem para prevenir as complicações.

Psoríase

Alvo de campanhas de conscientização nos últimos anos - justamente pelas suas repercussões físicas e emocionais -, essa inflamação crônica em alguns pontos da pele é acionada pelas próprias células de defesa do organismo. Na maioria das vezes, as placas vermelhas que descascam e causam coceira e dor. Aparecem em cotovelos, joelhos, costas... Mas há casos em que o tormento afeta as unhas e até os genitais.

Embora possa aparecer em qualquer faixa etária, o pico de incidência ocorre aos 40 anos. Isso porque, além da influência genética, outros fatores conspiram para o despertar do distúrbio. "Estresse, infecções, alterações metabólicas como as promovidas pelo diabetes e lesões na pele, podem ser gatilhos em pessoas com tendência à doença", explica Ana Maria. "Cerca de 70% dos portadores apresentam a forma mais leve, capaz de ser controlada com cremes e hidratantes, mas 30% dos casos são mais graves e demandam medicações orais e injeções", diferencia a professora.

Existem situações em que a psoríase passa a atacar inclusive as articulações das mãos, levando à dor e rigidez. Para os graus mais brandos, a recomendação é abusar da hidratação e evitar banhos quentes e demorados, que contribuem para o ressecamento da pele. Embora psoríase não tenha cura, com a nova geração de medicamentos até os quadros mais intensos estão conseguindo ser bem administrados.

Câncer de pele

Os carcinomas, versão mais prevalente, costumam ser eliminados em um pequeno procedimento cirúrgico. Já o melanoma, mais agressivo, muitas vezes precisa do apoio de quimioterapia ou imunoterapia. Embora sejam diferentes, ambos dividem os mesmos fatores de risco: a exposição aos raios solares e a falta de diagnóstico precoce. "Pintas diferentes, de cores e bordas irregulares, merecem análise médica", orienta o oncologista Artur Malzyner, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Escaras

Também chamadas de úlceras de decúbito ou pressão, essas feridas brotam e crescem em pessoas que ficam acamadas ou em cadeiras de rodas por longos períodos. Decorre da fricção entre a pele e a superfície externa. Sem receber sangue a contento, as células epiteliais vão morrendo até a lesão dominar o tecido. Mudança contínua de posição, colchões especiais e uso de óleos e loções ajudam a evitá-las.

Sarna ou escabiose

Os sintomas são bolinhas vermelhas e muita coceira, especialmente à noite, provocados por um ácaro que se espalha rapidamente por lugares muito povoados. "O peso dela é mais significativo em regiões como a área tropical da América Latina", conta Dellavalle. Isso é triste porque o simples acesso à água potável e saneamento básico seria suficiente para baixar os índices de transmissão nos humanos. Entre as atitudes recomendadas para a prevenção, estão os banhos diários e uma higiene adequada das mãos.

Alopecia

A queda de cabelo também sabota a autoestima e a qualidade de vida. Mas a calvície que entrou no ranking americano não é resultado do avançar da idade. O problema é a alopecia areata, tipo mais comum em gente jovem e que deixa verdadeiras clareiras na cabeça. "Os fios saem em tufos, principalmente em períodos de estresse intenso", detalha Caroline. Em geral, há um histórico familiar da condição, muitas vezes associada a doenças autoimunes. A maioria dos casos melhora de forma espontânea. Se isso não ocorrer, procure um dermatologista. Fonte: Revista Saúde, Publicado em 4 junho 2017

As alergias estão se tornando muito comuns, seja pelo uso de alimentação industrializada, poluição, pólen, as causadas por ácaros e fungos, até as do sistema respiratório como rinites e asma brônquica.

Os casos da doença celíaca (ligada ao consumo de glúten) e a intolerância à lactose estão cada vez mais comuns.

E poderíamos incluir aqui o rol das doenças autoimunes ocasionadas pela hiperativação do sistema imunológico, que percebe o próprio organismo como o inimigo a ser combatido. Vamos explicar melhor essa relação.

No meio acadêmico hoje há o reconhecimento de que alergias são um estado de Hipervigilância em relação ao contato e que, pode ter como componente um trauma perinatal (o processo do nascimento). É a reação do corpo a tudo que lhe pareça estranho. O que faz nosso corpo quando está em estado de Hipervigilância? Ele entende que qualquer elemento, que às vezes faz parte de nosso próprio sistema, é um estranho contra o qual deve lutar. Então o corpo começa a mobilizar todo seu sistema de defesa para lutar contra partes suas que não reconhece, como nas doenças autoimunes. Esse estado de hiper-reatividade, de hiper-responsividade contra elementos que coexistem conosco em estados de alergias, faz parte desse estado hipervigilante, não só do trauma perinatal. É antes um sistema de defesa que está confuso.