A Vida em Fogo Brando
Em passado evolutivo remoto, nossos ancestrais eram parte da cadeia alimentar dos predadores famintos. Quando ele saía de seu abrigo para buscar alimento, não havia qualquer garantia de que sobreviveria àquele dia, pois quase tudo naquele ambiente representava certa dose de risco.

Naquelas eras longínquas, a ativação nervosa do ramo simpático era conveniente e imprescindível para manter-se alerta, e o custo-benefício compensava no longo prazo pois, raramente o homem primitivo alcançava os 40 anos. Ocorre que, junto com o sistema nervoso simpático (SNS), três glândulas que geram hormônios de estresse no corpo se ativam: Hipotálamo, Pituitária e Adrenais, a que chamamos HPA.
Alguns sentidos como audição e olfato se aguçaram para sua própria proteção. O olfato é o único dos sentidos que, antes de chegar às estruturas talâmicas, passa pelas amígdalas cerebrais, o que pode representar a diferença entre a vida ou a morte. A audição, pela sua importância estratégica, é a última percepção física que adormece, e a primeira a despertar.
Inflamar-se por uma boa causa - como ficar entusiasmado ou exaltado por um fato feliz, lidar com emergências ou ser contundente por algum motivo - sem dúvida, faz parte da vida. Mas quando a irritação e o desassossego viram rotina, são uma péssima razão para estimular o eixo SNS/HPA que gera estresse até a zona de perigo. Vivemos numa sociedade "pé-na-tábua", baseada na ativação ininterrupta do Eixo SNS/HPA, o que não é natural no nosso padrão evolutivo.
Assim, a maioria de nós vive sob esse estímulo constante do Eixo SNS/HPA. E mesmo que a água não esteja borbulhando de fervura, fica cozinhando lentamente e nos causando sérios prejuízos à saúde com consequências permanentes. Parece paradoxal, quando desejamos viver mais e com melhores índices de qualidade.
Os danos acumulados por uma vida agitada demais não compensam e causam adoecimentos em nossos sistemas, como:
- Gastrointestinais: gastrite, úlcera, síndrome do intestino irritável, diarreia, prisão de ventre;
- Imunológicos: gripes e resfriados frequentes, cicatrização lenta, vulnerabilidade a infecções graves.
- Endócrinos: diabetes tipo 2, síndrome pré-menstrual, disfunção erétil e diminuição da libido.
- Cardiovasculares: endurecimento das artérias e infartos.
Entendendo-se que, apesar de nosso cérebro e sistema nervoso carregarem heranças do passado filogenético em sua constituição, que tinham por finalidade nos manter seguros naquelas eras iniciais da vida, hoje os riscos a que se reage são, em sua maioria imaginários, originados por nossos estados emocionais alterados, porém promovem a mesma alteração hormonal que nos prepara para enfrentar um perigo real.
Com isso entramos em zona de perigo pelo estresse, que só nos enfraquece e tira o poder de escolha. Se houve identificação com essas informações, procure-nos para uma avaliação clínica de tratamento.